sábado, 21 de abril de 2018

Os executivos na zona - Ruth Barros


Os Executivos na Zona


* Por Ruth Barros


Anabel tem um amigo que trabalha com informática e, entre seus vários deveres de ofício, ele faz baby sitter de executivos estrangeiros com os quais sua empresa tem negócios. Baby sitter talvez não seja a melhor palavra, visto que a grande parada é levá-los para diversão noturna. E ele contou um caso muito divertido de dois espanhóis vindos recentemente a São Paulo, quando ocorreu uma visita a um bordel de luxo. As mulheres eram lindas, impecáveis, em sua grande maioria universitárias – aliás, ainda não consegui entender muito bem essa tendência. Será que os bordéis andam tão antenados com o mercado na procura de profissionais mais qualificados que só garotas de programas que estejam na faculdade conseguem melhor lugar ao sol, quer dizer, no escurinho dos bordéis? Se a moda pega em breve vão exigir MBA delas.

Mas voltando aos espanhóis, um declarou que era casado, não estava afim de farra nem de trair a mulher, só queria beber uma cerveja em paz e conferir a fama da beleza das brasileiras. Já o outro, que também era casado, mas estava em ritmo de “garoto, essa é a sua chance”, não demonstrou nem de longe o mesmo espírito de fiscal da natureza, pelo contrário, queria porque queria conferir o material tupiniquim. Foi logo fisgado por uma morena espetacular e o espetáculo começou. Depois de ter bebido um pouco resolveu encarar a pista de dança, onde lembrava um pelicano no cio, bebeu mais, e, por volta das 3h30, exibido e generoso como recomenda a etiqueta desses lugares, pagou a conta de todos em dinheiro, para não dar bandeira com o cartão de crédito corporativo. Sim, porque ao contrário de certos governos e outros folgados fregueses de carteirinha do cartão corporativo, com perdão do trocadilho, a empresa certamente iria estranhar o horário e o montante da conta. E uma nota fiscal simples passaria como recibo de despesas, afinal de contas eram dois executivos em viagem de negócios.

Meu amigo foi levar a trupe ao hotel, agora já engrossada pela morena. Ao chegar, o generoso pediu-lhe disfarçadamente dinheiro emprestado, ele não lembra se eram 500 euros ou 500 reais, que não tinha, brasileiro em pânico de assalto não anda com essa grana toda no bolso. Acontece que era esse o preço dos serviços da digamos, universitária, que o gringo simplesmente não combinara previamente, esquecido de que sexo não se paga com cartão corporativo, aliás com cartão nenhum. Com muito custo os três conseguiram juntar 400 euros ou reais. A morena se contentou com 80% do que deveria receber e não fez escândalo no hotel, não fez foi nada, tomou um táxi e sumiu na madrugada deixando o espanhol na mão.

Anabel Serranegra adora espanhóis

* Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra.




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