quarta-feira, 25 de abril de 2018

Fome - Adriano Espínola


Fome


* Por Adriano Espínola


Se tens fome de madrugada,
toma uma folha de papel em branco
e nela sorve em silêncio
com volúpia o nada
que te espanta e consome.

Se ali encontrares outra coisa
 ao despertar do dia
(o pão ainda fresco do sonho,
a palavra que amadureceu de repente
ou os gomos abertos do sol).

Chama-me depressa,
porque também tenho fome —
tenho essa mesma fome que não sacia.
 
* Poeta cearense.

Nenhum comentário:

Postar um comentário