sábado, 14 de abril de 2018

As esculturas da Praça da Independência


As esculturas da Praça da Independência

* Por Clóvis Campêlo

Situada no bairro do Santo Antônio, no centro histórico do Recife, segundo a Wikipédia, é a mais antiga praça da cidade. Durante o domínio holandês, constava nos mapas da época o local chamado de Terreiro dos Coqueiros. Mudou de denominação várias vezes, sendo chamada dePraça GrandePraça do ComércioPraça da Ribeira e Praça da Polé. Em 1816, após uma reforma, mudou de denominação para Praça da União. Finalmente, em 1833, recebeu o nome atual de Praça da Independência. Porém, por abrigar durante muito tempo o prédio do Diario de Pernambuco, passou a ser chamada pelo povo recifense como a Pracinha do Diário.

Segundo texto da pesquisadora Samira Adler Vainsencher, publicado em 2003 no site da Fundaj, “a Praça da Independência é considerada, hoje, como aquela de maior movimento na cidade do Recife. Por ela, cruzam e iniciam avenidas e ruas de grande relevância, tais como a rua Duque de Caxias, a rua 1º de Março, a avenida Dantas Barreto, a rua Nova, a avenida Guararapes, o Largo do Rosário, a rua Matias de Albuquerque e a rua Engenheiro Ubaldo Gomes de Matos. Como o coração do bairro de Santo Antônio, além disso, é nela que onde são realizados os grandes comícios e de onde partem passeatas, procissões, cortejos cívicos, os blocos de carnavais. Esse logradouro público, portanto, continua centralizando os mais recentes acontecimentos, manifestações e/ou reivindicações ocorridos no Estado de Pernambuco, tanto por parte da política, das religiões, quanto dos movimentos populares e da cultura”.

Pois bem, é nessa praça que estão colocadas esculturas e bustos de personalidades recifenses ou de grande relevo, homenageadas pela cidade do Recife. A praça hoje, porém, já não tem mais a relevância que tinha antes do abandono do centro da cidade pelo poder público e pela iniciativa privada. Como já dissemos antes em outros textos, encontra-se hoje ocupada por prostitutas, mendigos e desocupados, os quais, maltratados pela cidade, nem sempre sabem reconhecer a importância daquelas figuras de pedra e cimento que ocupam permanentemente o logradouro. Esvaziada de importância, com os grandes prédios ao seu redor abandonados e em acelerado processo de ruína, inclusive o prédio que durante anos abrigou o Diario de Pernambuco, a praça e suas esculturas são constantemente agredidas pela população.



Na praça encontram-se esculturas do poeta Carlos Pena Filho, do empresário Assis Chateubriand, do jornalista Antônio Camelo, além de um busto cuja placa arrancada não nos deixou identificar o homenageado. Na praça também existe uma escultura em homenagens aos mascates do Recife, confeccionada pelo artista Corbiniano Lins, recentemente falecido.

Pelas fotografias acima, percebe-se que a intervenção popular nas obras nem sempre foi positiva ou de reconhecimento. Sinceramente não sei a quem culpar por isso. Se a cidade, por maltratar e abandonar o seu povo sofrido, ou se ao mesmo povo, deseducado e sem grandes esperanças de reabilitação que devolve à praça a mesma violência e indignação com a qual é tratado pelos poderes constituídos e pela urbe ameaçadora.

Fica a pergunta solta no ar.


(Fotografias de Clóvis Campêlo).


* Poeta, jornalista e radialista

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