quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Sortilégio


Sortilégio


* Por Núbia Araujo Nonato do Amaral

É noite de lua cheia, única em sua beleza etérea, ela se banha nas águas do ribeirão. Emerge nua e das gotas que escorrem pelo seu corpo, surgem pequenos cristais que forram o chão, formando um tapete  de estrelas.
 
A cadência de seus passos movimenta a brisa, que espalha um cheiro de jasmim. Com o coração aos pulos, ela  espreita. Ele está por perto. Caminha na escuridão e toca suas mãos frias, guiando os seus passos. Mas ele já está tomado de urgências e suas narinas se dilatam, como as de uma fera.

Derruba-a no chão, penetrando-lhe nas entranhas, saciando uma vontade voraz que nem sabe de onde surgira. Olhando-a nos olhos, agora quase mortiços, cobre sua boca com um beijo longo e ardente. Arrebata-a uma vez mais e,  atônito, vai embora.

A bela levanta, sorrindo, e abraça seu corpo. Retorna para as águas do ribeirão, onde espera, placidamente, encantar mais um filho da terra.

  • Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário

 

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