quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Esquecimento

* Por Núbia Araújo Nonato do Amaral

Para Orlando Pimentel
Durante a caminhada
no meu cotidiano
esqueci de reparar.
Esqueci de observar.
As pedras se esquivaram
de meus pés, os pássaros
mudaram de galho.
Diante da minha indiferença,
o vento se esgueirou pelas
brechas da montanha e mudou de rumo.
Dei-me conta do meu endurecimento,
da minha solidão.
Chorei como criança que se perde da mãe,
chorei como criança que despenca da cama
durante o pesadelo, chorei como criança que
desaprendeu a rezar.
Se não mais pedras, nem
passarinhos.
Se não mais vento e só solidão,
então que eu possa me reerguer
diante dessa cegueira e enxergar
pelo menos os meus pés.


* Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário

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