segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

500 anos da reforma protestante

* Por João Luiz de Almeida Machado

No ano de 1517, em 31 de outubro, a partir da ação de Martinho Lutero, ao pregar suas 95 teses contrárias as práticas escusas da Igreja Católica no Castelo de Wittenberg, teve início a Reforma Protestante na Europa, que posteriormente teria também outras vertentes, como o Calvinismo na Suíça e o Anglicanismo na Inglaterra.

A reforma promovida por Martinho Lutero - daí a origem do termo Reforma Luterana - ocorreu na Alemanha, então um país cindido em vários principados, como uma reação de religiosos, como o próprio Lutero, em relação aos abusos promovidos pela Igreja Católica tendo em vista sua ascendência sobre a vida da maioria das pessoas.

Eram comuns entre os religiosos católicos práticas de cunho materialista. As bases cristãs, de caráter espiritual, relacionadas aos ensinamentos e a vida de Jesus Cristo haviam sido colocadas em segundo plano e, com isso, ações como a venda das indulgências - o perdão dos pecados, de relíquias sagradas falsas, os abusos da inquisição, a falta de vocação religiosa de muitos padres e bispos, a vida luxuosa dos religiosos, o acúmulo de terras e riquezas pela igreja, a cobrança do dízimo, o monopólio da Bíblia e da cultura e outras práticas, foram gerando descontentamento que ocasionou a revolta liderada por Lutero.

Apoiado pelos príncipes alemães e pela burguesia local, que acabou dando guarida a Lutero, o líder reformista, motivada por interesses políticos e econômicos que lhes eram favoráveis, como por exemplo, diminuir o poder da igreja sobre a vida de seus súditos, no caso dos líderes políticos locais, ou permitir a cobrança de juros sobre empréstimos (a usura), prática condenada pela igreja católica, mas que era realizada por muitos religiosos em suas paróquias.

Antes de Lutero as tentativas de questionar as práticas da Igreja Católica já haviam acontecido, mas por conta da falta de apoios consistentes, seus realizadores, chamados de pré-reformadores, no século XV, como John Wycliff e John Huss, foram presos, condenados e queimados pela Inquisição. Eles questionavam a vida luxuosa dos religiosos, o distanciamento dos valores espirituais, o monopólio da cultura pela Igreja e, também, o distanciamento dos fiéis em relação aos ensinamentos da Bíblia, que sempre era "traduzida" do latim para a messe, com a igreja e o clero interpretando de acordo com sua necessidade e interesse. Não haviam cópias da Bíblia em outras línguas, somente o latim, sendo assim, ficava caracterizado o monopólio da leitura e interpretação dos textos sacros pelos membros do clero.

Martinho Lutero, diferentemente daquilo que ocorreu em movimentos anteriores, agindo no século XVI, buscou alianças com grupos poderosos como os príncipes alemães e a burguesia da região, confrontados em seus interesses pela Igreja Católica, para conseguir se resguardar e sobreviver as perseguições, a acusação de heresia, a inquisição e a condenação à morte. Dando então origem as igrejas protestantes em todo o mundo.

* Editor do Portal Planeta Educação; doutor em Educação pela PUC-SP; e autor do livro Na Sala de Aula com a Sétima Arte - Aprendendo com o Cinema (Editora Intersubjetiva)



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