segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Da purificação



* Por Talis Andrade




Corre nua
 
na chuva
 
nua na noite
 
corre sem parar
 
deixa a água
 
escorrer
 
pelo teu corpo
 
deixa a água
 
escorrer
 

 
Corre nua
 
meia-lua
 
meia-irmã
 
atravessa a coluna
 
amarga
 
sem olhar
 
para trás
 
que não se oferece
 
presentes
 
doces sementes
 
de romã
 
para uma estátua
 
de sal
 

 
Segue em frente
 
em algum abrigo
 
uma mão estendida
 
um portal amigo
 
a lareira acesa
 
o pão quentinho
 
o suave vinho
 
o lençol branco
 
do mais puro linho
 
 
 
Segue em frente
 
leva contigo
 
esta certeza
 
uma cama partilhada
 
nunca se faz estreita
 
 
 
Corre nua
 
na chuva
 
nua na noite
 
corre sem parar
 
deixa a água escorrer
 
deixa a água lavar os pecados do mundo
 

* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).






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