domingo, 5 de novembro de 2017

A galera de Cleópatra



* Por Alberto de Oliveira



Rio abaixo lá vai, de proa ao sol do Egito,
A galera real. Cinquenta remos lestos
Impelem-na. O verão faz rutilar, ao estos
Da luz, de um céu de cobre o horizonte infinito.


Pesa, abafado e quente, o ar circunstante. Uns restos
De templo ora se veem, lembrando extinto rito;
E inda um pilono erguido, e a esfinge de granito,
De empoeirado cariz e taciturnos gestos.


De quando em quando à flor do Nilo se destaca,
D’água morna emergindo, a escama de um facaca;
O íbis branco revoa entre os juncais. Entanto,


Numa sorte de ãos, Cleópatra procura
Su’alma distrair, prestando ouvido ao canto
Que a escrava Carmion tristemente murmura.


* Poeta, professor e farmacêutico, membro da Academia Brasileira de Letras.

 

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