Tu
pisavas nos astros distraída
* Por
Clóvis Campêlo
Alguns
doiram a pílula. Outros, vivem vestidos de doirado, palhaços das
eternas e perdidas ilusões. Gostam dos guizos falsos da alegria e
cantam suas fantasias entre as palmas febris do coração. Uma
questão de opção, com certeza.
De
ti, porém, só sei que nada sei. E mesmo quando pisas nos astros
altaneira e distraída, sabes bem o que é a alegria dessa vida. E a
tua alegria pode vir a ser a minha alegria, apesar da minha
ignorância, da minha falta de tato, da minha falta de luz.
Para
ti, o meu coração é a uma porta sem trinco e a lua, a brilhar com
afinco, salpica de estrelas o chão da minha esperança. A minha alma
desfeita em trapos coloridos, na corda qual bandeiras agitadas em
estranho festival.
Não
basta, porém, uma única canção para dimensionar a imensidão
desse afeto, desse artefato elaborado, dessa sonoridade inacabada.
E
mesmo quando do sol a claridade for encoberta pela sombra dos teus
pés, restará um tênue raio de luz a desafiar uma possível
escuridão.
*
Poeta, jornalista e radialista.
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