segunda-feira, 18 de setembro de 2017

O agiota

* Por Talis Andrade

A cobrança um jogo
que requer paciência
rechego
Do agiota a obsessão
o desfrute da persistência
na perseguição
a destreza
de brincar de gato
coa presa
o prazer de excruciar
matar de pouquinho
bem devagarinho
como se fosse um carinho
O agiota suplicia
pelo gosto de sangue
Nos tempos de ditadura
apresenta-se como voluntário à polícia
para servir nos calabouços da tortura
Não é aferro de fanático
O agiota não tem bandeiras
não tem pátria nem deus
O agiota um cadáver que ama os cadáveres
A tortura um contato erótico
As lágrimas o sangue
a urina o excremento
são para o sevicia-
dor cheiros sabores
afrodisíacos alimentos
Quanto mais remorseado o corpo
sangrada a carne
intenso o desejo
o prazer

* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).



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