Solidão
* Por
Abgar Renault
O
rio se entristece sob a ponte.
substância
de homem na torrente escura
flui,
enternecimento ou desventura,
misturada
ao crepúsculo bifronte.
Antes
que débil lume além desponte,
a
sombra, que se apressa, desfigura
e
apaga o casario em sua alvura
e
a curva esquiva e sábia do horizonte.
Os
bois fecham nos olhos os arados,
o
pasto, a hora que tomba das subidas.
dorme
o ocaso, pastor, entre as ovelhas.
Sobem
névoas dos vales fatigados
e
das árvores já enoitecidas
pendem
silêncios como folhas velhas.
*
Professor, poeta, ensaísta e diplomata, membro da Academia
Brasileira de Letras.
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