quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Cristal quebrado

* Por Alberto Cohen

Não são mais para seus olhos
o brincar de poesia,
as alegrias aflitas,
as grandes guerras perdidas
com os meus Brancaleone.
Não são mais para seus olhos
a alma em trajes menores
e o menino envelhecido
que não cometeu pecados,
aprontou mil travessuras.
Não são mais para seus olhos,
os pequeninos momentos,
cada flash desse filme
com desfecho que se inventa
na saída do cinema.
Não são mais para seus olhos,
essas caixas de Pandora
que, decerto, vão se abrir,
libertando aqueles monstros
que nem deviam existir.
Não são mais para seus olhos,
as estrelas que meus olhos
porventura ainda verão,
nem tesouros de piratas,
nem dragões que saem do mar.
Não são mais para seus olhos,
as sobras dos impossíveis
que um dia viajarão,
sabe Deus em quantos olhos,
mas seus olhos não serão.


* Poeta paraense.

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