domingo, 6 de agosto de 2017

Abismo


* Por Pedro J. Bondaczuk



Minha vida é um abismo
escuro, profundo e sem fim.
Vazia, instável, sem graça,
torta espiral de fumaça
a dançar, doida, no ar.

Círculos concêntricos do medo,
amores, que nada são,
fruto amargo e azedo,
arremedo de emoção.

Espinhos que contêm veneno,
mochos agourando desgraça,
efêmera, medrosa, pequena,
torta espiral de fumaça.

Temor constante, quase eterno,
abismo profundo, sem fim,
da velhice, que é o inverno
da vida, que passa a esmo.
Mas o meu medo mais forte
não é da dor ou da morte:
é o medo de mim mesmo!

(Poema composto em São Caetano do Sul, em 16 de agosto de 1963).



* Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções, foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance Fatal” (contos), “Cronos & Narciso” (crônicas), “Antologia” – maio de 1991 a maio de 1996. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 49 (edição comemorativa do 40º aniversário), página 74 e “Antologia” – maio de 1996 a maio de 2001. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 53, página 54. Blog “O Escrevinhador” – http://pedrobondaczuk.blogspot.com. Twitter:@bondaczuk

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