sábado, 17 de junho de 2017

Lunar


* Por Flora Figueiredo


A lua aconteceu hoje rasgada,
pois brigou com um trovão
da madrugada.
Não gostou do seu clarão.
Sentiu-se ultrajada.
Recolheu seu pedaço ferido
e o manteve escondido
daqueles que se amavam sob seu encanto.
Assim incompleta,
a lua amoitou-se numa nuvem preta
e choveu em pranto. 

In O Trem Que Traz a Noite, 2000 


* Poetisa, cronista, compositora e tradutora, autora de “O trem que traz a noite”, “Chão de vento”, “Calçada de verão”, “Limão Rosa”, “Amor a céu aberto” e “Florescência”; rima, ritmo e bom-humor são características da sua poesia. Deixa evidente sua intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com vitalidade e graça - às vezes romântica, às vezes irreverente e turbulenta. Sempre dentro de uma linguagem concisa e simples, plena de sutileza verbal, seus poemas são como um mergulho profundo nas águas da vida. 



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