sábado, 17 de junho de 2017

Cheiro de Homem


* Por Ruth Barros


Uma amiga de Anabel apontou a grande falha da camisinha, que de resto, nós todas concordamos, é maravilhosa, entre outras coisas previne doenças e gravidez indesejada: ela praticamente acaba com o cheiro da transa.

- E verdade, sexo entre outras coisas é mistura de fluidos, de aromas, de suores. Como o esperma, um dos grandes atores desse festival olfativo acaba sendo jogado fora depois de ter ficado todo dentro da camisinha, ele não participa mais da meleca. E é completamente diferente uma transa sem esse cheiro, fica tudo muito mais antisséptico, mais sem graça – justifica minha amiga, que é da geração pré Aids e continua dominante na ativa, com o argumento de que “ainda tem muito para dar”.

Sou obrigada a concordar com ela, não no quesito de que ainda tem muito para dar, apesar de ser totalmente a favor, mas no quesito cheiro. Quem é que nunca se pegou na hora mais louca e inusitada lembrando do cheiro do amado ou, para aumentar a dor de cotovelo, do cheiro do amor que se foi? Quantas vezes a gente não está ocupada fazendo uma coisa completamente diferente quando aquele cheiro, vindo sabe se lá de onde, entra pelos sete buracos da nossa cabeça, bagunça todo o coreto e acaba com qualquer tentativa de concentração?

A indústria da vaidade e sedução, que tudo transforma em dinheiro, também percebeu esse filão. De posse da informação de que entre os cinco sentido, a mulher recorre mais ao tato e ao olfato, quando a questão é atração sexual, as grandes maisons estão lançando perfumes masculinos que, garantem, têm cheiro de homem.

Qualquer dúvida chequem o M7, que reúne elementos raros como madeira de aloés, um afrodisíaco que em sua forma pura custa mais caro do que ouro, mas já enchi os olhos. Acontece que a Yves Saint Laurent, criadora do M7, criou também uma imensa polêmica na época do lançamento (tem uns dois anos mais ou menos) ao mostrar o campeão francês de tae-kown-do, o tudo de bom Samuel de Cubber, em nu frontal. Só não deu para ser mais feliz porque o principal veio coberto por uma tarja, a gente sabe como são os jornais brasileiros...

Esses perfumes valem mais que ouro. O M7 está por volta de R$ 240; o discreto e sensual Nemo, da Cacharel, com cheiro de cedro e incenso fica em R$ 230; Donna Karan lançou o Energizing, que mistura zimbro (é um tempero) com temperos brancos frescos por R$ 170; Giorgio Armani saiu de Mania, com base em almíscar, madeira e baunilha, por R$ 330 e Ralph Lauren caprichou no Romance, com essência de madeira fresca, manjericão e flor de lis selvagem (seja lá o que for isso) e no preço, R$ 340.

Anabel Serranegra está ansiosa pelo segundo turno

* Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra.



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