quarta-feira, 29 de março de 2017

Desapego


* Por Núbia Araujo Nonato do Amaral


Já me desfiz de quase tudo, roupas antigas em bom estado, bijuterias, quinquilharias, brincos dourados e pulseiras coloridas. Sapatos, sandálias que nem combinam com meus pés tão familiarizados com a dureza do chão.

Espelhos são raridades, já conheço meu rosto de cor e salteado. As flores perecem no galho que o tempo seja o seu algoz.

De uma coisa ainda não me desfiz, da poesia. Tentei ver-me sem ela. Tentei despir-me dela. Tentei rezar sem ela...

Que me perdoem os deuses, mas esta parceria é com os anjos que cansados de uma cadência repetitiva sopram-me faíscas.

* Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário


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