terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Flor despetalada

* Por Herculano Alencar

Nua, sem uma pétala sequer,
a flor envergonhada se escondia,
por trás de um buquê de poesia,
num quarto descomposto de mulher.

Ao lado, um botão de bem-me-quer
tentava cortejá-la, sem pudor...
Mal sabia (o coitado) que essa flor
não era simplesmente uma qualquer.

Era a rosa da rosa de Hiroshima,
que fugiu do buquê, como uma rima
desgarrada dum verso de amor.

E que a flor, pudica, ali despida,
não pôde perfumar, durante a vida,
tampouco seduzir um beija-flor.

* Poeta.


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