terça-feira, 22 de novembro de 2016

Salva


* Por Evelyne Furtado


Mil vezes agradeço à palavra,  a mim apresentada em salva da mais pura matéria, embora não tenha feito dela – palavra - o bom uso que merece.

Disse em outro escrito que a palavra é norma, mas que é também alforria. Liberta sou continuamente pelo verbo que me salva da total inaptidão.

Sou verbo e carne. Verbo e pele. Verbo e vísceras. Verbo e células. Sou verbo e emoção, principalmente.

O silêncio, para alguns, sábio, para mim é remédio amargo. Engulo de uma só vez e travo. Faço exceção, somente,  ao silêncio partilhado em sagradas ocasiões.

Quero mesmo sorver palavras doces. Derretê-las como pedras de açúcar que são.

Quero-as em vermelho e preto. Em branco que é paz; em verde que é esperança e é sorte; em céu azul; em lilás.

Desejo o vocábulo como chocolate quente ou café aquecendo língua, garganta e coração.

A palavra pode levar-me à dor, mas, principalmente, cura-me de todas as dores do mundo.

À palavra, minha ou de outrem, concedo a mais sincera gratidão.


* Poetisa e cronista de Natal/RN.

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