segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Raiva


* Por Núbia Araujo Nonato do Amaral


Descobri que não consigo
ficar parada.
Descobri que realmente
aprecio o silêncio, nele
me refugio, nele traduzo
tudo o que vejo e ouço.
Descobri que um corpo
é só um corpo se nele a
alma se desfaz.
Descobri que há em mim
uma raiva contida, vacinada,
por isso trinco os dentes.
Descobri num abraço meio
sem jeito de quem não domina
o verbo, um amigo.
Descobri que o hábito tomado
ao pé da letra escraviza.
Descobri que poeta não pode
ficar triste, poeta não pode
se destemperar, senão a
poesia encrua.
A poesia vegeta.

* Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário


Um comentário: