segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Adversidades

* Por Núbia Araujo Nonato do Amaral


(Para meu pai que completou oitenta anos no dia 10 de outubro).


Um esquecimento aqui, outro ali. Uma perda cá e outra acolá. Uma borracha infame que não leva em conta nem o grau de parentesco.

As feridas teimosas que parecem caçoar da nossa persistência. Um corpo desgovernado, sem leme, sem rumo. Os sulcos no rosto, as manchas roxas de quem se vê o tempo todo à beira de um precipício, prestes a cair, e se fere na tentativa de amparar a si mesmo.

A tênue memória de um pudor agora tão inútil... Vira seu Júlio daqui, agora vira de lá e ainda assim respeitamos seus murmúrios, tentando decifrar, nesse dialeto inoportuno, um sopro de rebeldia.

Da janela ouvimos a vida que segue seu rumo.

* Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário


Um comentário:

  1. Claro como a luz do sol numa bela manhã. E para quê? Seu Júlio perdeu o pudor. Ah, que dor horrível! Todos se sentem violentados.

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