segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Inveja


* Por Núbia Araujo Nonato do Amaral


Fui menina arteira, daquelas que não podia ver um formigueiro sem destruí-lo. Fritava peixinho barrigudinho, daqueles de valão, se eu os comia já são outros quinhentos.

Esfregava a bunda do vagalume na roupa pra ficar brilhando. Cigarra virava acessório de bolso dentro da caixa de fósforos. O que me cutucava mesmo eram as benditas teias de aranhas, troço mais inteligente e danado de bonito mas, sabe como é criança né, eu ia lá e desmanchava tudo!

Hoje, entendo o que sentia, tenho pra mim que era inveja, um bichinho tão miúdo versado em arquitetura, design e logística! Dom de Deus. Eu? Não mais desmancho as teias, mas ainda as invejo.

 * Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário


Um comentário:

  1. Foi ler e me ver. Criava lagartas em casa, assim como girinos. Morei 26 anos em apartamento. Está explicado.

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