sábado, 23 de julho de 2016

A treva


* Por Adélia Prado


Me escolhem os claros do sono
engastados na madrugada,
a hora do Getsêmani.
São cruas claras visões
às vezes pacificadas,
às vezes o terror puro
sem o suporte dos ossos,
que o dia pleno me dá.
A alma desce aos infernos,
a morte tem seu festim.
Até que todos despertem
e eu mesma possa dormir,
o demônio come a seu gosto,
o que não é Deus pasta em mim.

* Uma das mais consagradas poetisas brasileiras


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