quarta-feira, 20 de abril de 2016

O peso de uma profecia


* Por Núbia Araujo Nonato do Amaral


Alguns anos atrás, e bota tempo nisso, um senhor bem velhinho pediu para ler minhas mãos. Fiquei indecisa e embora me sentisse constrangida, permiti a leitura.
-Aham! Aham!

Ele pigarreou alto, quase botei os bofes pra fora, pois ele só não cuspiu porque olharam para ele de cara feia.
-Blarghhhhhhhhhhh! Pensei.

Fez uns barulhos com a boca e sentenciou:
-Você não produzirá filhos, nem há de contrair matrimônio. Jamais fará algo que lhe traga o brilho do sucesso e... só um instante. Ahhhhh! Estou vendo aqui! Vai cuidar de toda a família e envelhecerá sozinha.

Puxei as mãos, pois ele já havia me alisado demais. Fiquei por perto para ouvir as outras sentenças.
-Uhu!!!!
-Que legal!
-Uau!!!!!!

Fiquei ali me sentindo o cocô que gruda na patinha da mosca.

Quando coloquei a cabeça no travesseiro é que comecei a raciocinar, naquela reuniãozinha, na qual solidariamente fui inserida, eu era a única sem grau de parentesco, o restante ou eram sobrinhas ou netas.
-Velho FDP meu!

 * Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário


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