domingo, 17 de abril de 2016

Eu não me calo

* Por Pablo Neruda


Perdoe o cidadão esperançado
minha lembrança de ações miseráveis,
que levantam os homens do passado.

Eu não preconizo um amor inexorável.

E não me importa pessoa nem cão:
só o povo me é considerável:
só a pátria me condiciona.

Povo e pátria manejam meu cuidado:
Pátria e Povo destinam meus deveres
e se logram matar o revoltado
pelo povo, é minha Pátria quem morre.

É esse meu temor e minha agonia.

Por isso no combate ninguém espere
que fique sem voz minha poesia.


* Poeta chileno, um dos mais importantes poetas da língua castelhana do século XX e cônsul do Chile na Espanha e no México, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1971.

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