sábado, 28 de novembro de 2015

A dor é universal

* Por Sônia Pillon


A dor que se sente é sempre maior do que a dor sentida pelo outro? Mesmo que no fundo saibamos que não é bem assim, existe uma espécie de senso comum nesse sentido. “Fulano morreu, antes ele do que eu!” Quem já não ouviu essa frase?

Vivemos em uma sociedade cada vez mais globalizada, em que um espirro aqui repercute do outro lado do mundo, em que a alegria e a dor são reproduzidas quase que imediatamente. É comum ver pessoas isoladas em seus mundinhos, projetos e metas que visam única e exclusivamente a realização própria.

A brecha que se abre nessa couraça individualista geralmente acontece quando ocorrem tragédias naturais e provocadas por conflitos étnico-raciais, religiosos, políticos e econômicos. Há cerca de 10 dias, o país estarreceu frente ao maior desastre ambiental provocado pela indústria da mineração brasileira, no rio Doce, em Minas Gerais. O deserto de lama que até hoje nos traz a confirmação de pelo menos sete mortos e 15 desaparecidos causa revolta. Cadê a gestão ambiental? Onde estão os responsáveis que se omitiram e permitiram tudo isso?

E no final de semana, a capital da França foi alvo dos atentados do Estado Islâmico, que vitimou 129 pessoas de 17 nacionalidades diferentes. Dois brasileiros ficaram feridos. Duas tragédias que ceifaram vidas humanas, aqui e lá.

Porém, basta dar uma olhada nas postagens nas redes sociais, especialmente na “rede social azul”, onde se estabelecem fóruns eventuais, com opiniões antagônicas e brigas acirradas, para ver que muitos ficaram defendendo que deveríamos tão somente lamentar as vítimas mineiras, e não da França… Estamos falando de vidas humanas! É claro que nos comovemos com a dor dos brasileiros, mas será que devemos ignorar a dor dos franceses, dos refugiados sírios e de qualquer outro grupo étnico, além das fronteiras do Brasil? A dor é universal! O mundo carece de gestos humanistas, sem olhar para características raciais, ou ideológicas. Nunca é demais lembrar que vivemos em uma aldeia global que exige uma visão global.

* Sônia Pillon é jornalista e escritora, nascida em Porto Alegre (RS) e radicada em Jaraguá do Sul (SC), desde outubro de 1996.


Nenhum comentário:

Postar um comentário