sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Gato ou gatos


* Por Eduardo Oliveira Freire


De manhã brinca com a menina, de tarde caça passarinho. Vários séculos atrás era sagrado para o faraó. Agora, ronrona perto da senhora para receber comida. A vizinha supersticiosa considera-o um demônio que deseja roubar sua alma.  Já o menino o vê passar rapidamente no muro, sente desejo de ser o felino para andar livremente por aí. Também, só é um gato descansando em cima de um carro, clicado por um pseudo fotógrafo que usa a câmera do celular.

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- Sempre cuidarei dela, eu a amo!

Dizia sempre esta frase para os que visitavam, mas, quando estava sozinho, dizia ao pé do ouvido da esposa em coma: “Você é minha e não tem como mais fugir, ficaremos juntos por muito tempo”.

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- Tolo, pensa que estou presa, mas, na verdade, estou mais livre. Agora, vou encontrar com o vizinho professor de ginástica através de seus sonhos.  Consigo mudar de forma a partir dos desejos de qualquer um que me interessa. O poder de fazer isto sem culpa e medo de ser pega é tão prazeroso.

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Súcubo da vida real

A partir da imaginação de quem a contrata, ela pode ser: princesa, cachorra, fada, garotinho, garotinha, policial, professorinha, freira, colegial, algoz, vovó, enfermeira, anja, diabinha, estivador, empregadinha, madame... Muitos dos seus clientes ficaram anêmicos nas finanças, na saúde e na alma.

* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/


Um comentário:

  1. Tentando descobrir onde encontra seus personagens, e em seguida imagino que seja dentro de você mesmo, numa imaginação bem fértil, Eduardo.

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