sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Soneto de separação


* Por Vinícius de Moraes


De repente do riso fez-se o pranto
silencioso e branco como a bruma
e das bocas unidas fez-se a espuma
e das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
que dos olhos desfez a última chama
e da paixão fez-se o pressentimento
e do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
fez-se de triste o que se fez amante
e de sozinho o que se fez contente. 

 Fez-se do amigo próximo o distante
fez-se da vida uma aventura errante
de repente, não mais que de repente.

Do “Livro dos Sonetos”, Companhia das Letras, 1991.


* Poeta, compositor e diplomata

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