quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Poema sem dono


* Por Alberto Cohen


Os poemas não admitem donos.
Não se submetem a quem não conhece
seus instintos de fera
e passarinho.
E quanto mais dóceis, mais perigosos,
e quanto mais selvagens,
mais frágeis e ressentidos.
Ao tratador cabe, apenas, cuidá-los
para que estejam prontos a voar
seu único vôo,
ou dilacerar,
sem limites, a própria carne,
pois cada um deles é definitivo,
exaure-se num vôo, num rugido,
e é lembrado pelo canto
ou pela marca
das garras afiadas.


* Poeta paraense

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