sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Momentos Face de ser


* Por Eduardo Oliveira Freire


SOBREVIVÊNCIA

Quando fui jogar o lixo, vi duas pombas disputando território. No início, arrependi-me por não ter levado o celular para tirar foto. Mas, talvez, foi melhor assim, para que eu pudesse digerir a imagem e não só fotografá-la sem pensar. Fiquei aterrorizado com a violência das duas pombas, criaturas aparentemente frágeis. Elas lutavam pela sobrevivência e entrei em contato com a brutalidade viva, a qual é completamente pura sem nenhum tipo de moral. Até as plantas disputam entre si por espaço. Observar esta violência genuína me deixou sem ação e só olhava fixamente os dois pássaros e pensando que eu a tenho, também, dentro de mim. Principalmente, com a finalidade de manter minha sobrevivência. As pombas e eu estamos no mesmo barco e este fato me apavora.

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A HUMANIDADE AINDA TEM ESPERANÇA

Hoje percebi que o ser humano ainda tem esperança. Quando atravessava a rua, assustei-me ao ver uma senhora quase ser atropelada. Ela ficou nervosa e não conseguia se mover. Um homem ajudou-a a completar a travessia. Pois é, há vários casos assim, em que anônimos viram heróis e ajudam o outro sem nenhum tipo de interesse. Fiquei até com vergonha, poderia ter ajudado à senhora também. Mas, na hora, fiquei sem ação e além do mais sou uma pessoa falha. Confesso minhas imperfeições. Muitas vezes, sou antissocial, mal humorado e distraído. Assim, tento encará-las de frente, sem somatizá-las. Não quero mais usar uma máscara para agradar ninguém. Enfim, a humanidade ainda tem jeito, não somos pecinhas programadas pelo sistema, ainda existe a espontaneidade individual que faz diferença no mundo.

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PAZ

Às vezes me pego pensando em você, imaginando os filmes de suspense que iria gostar de assistir, nas reações ao se deparar com algo inusitado e nas broncas quando faço uma brincadeira sem graça. Curioso é que não sinto saudade ainda, você está tão viva em mim que, às vezes, esqueço que partiu. Mas será que foi embora realmente, ou, ainda está por aqui zelando pelos seus como uma leoa? A casa continua sendo tão sua que, quando chego, sinto paz.

* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/



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