sábado, 29 de agosto de 2015

Último poema

* Por Stefan Zweig

Suave as horas bailam sobre
o cabelo branco e raro,
a áurea taça a borra cobre:
sorvida, eis o fundo, claro!

Pressentimento da morte
não turba, é alívio profundo
o gozo mais puro e forte
da contemplação do mundo.

Só o tem quem nada cobice,
nem lamente o que não teve,
quem já o partir na velhice
sinta – um partir mais de leve.

O olhar despede mais chama
no instante da despedida.
E é na renúncia que se ama
Mais intensamente a vida.

(Tradução de Manuel Bandeira).


* Escritor, romancista, poeta, dramaturgo, jornalista e biógrafo austríaco de origem judaica. 

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