segunda-feira, 20 de julho de 2015

Empedrado corpo


* Por Talis Andrade

Insensível como uma pedra
um urso hibernando
insensível como uma pedra
um boi ruminando
paisagens cinzas e capim
não tenho olhos para o vôo de uma borboleta
não me encanto com o canto de um pássaro
não farejo o perfume de uma rosa
a rosa que revelaria o secreto jardim
Sou insensível como uma pedra
que cobre um cadáver
em um cemitério clandestino
Em alguma curva da vida
encruzilhada de despachos
uma bruxa me transformou em pedra
Uma pedra que não marca
nem desmarca
Simplesmente uma pedra

* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).


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