quarta-feira, 22 de julho de 2015

A noite


* Por Emanuel Medeiros Vieira


(…) “Descobri que minha arma é o que a memória guarda.” (…) (Milton Nascimento e Fernando Brant, “Saudades dos Aviões da Panair”)



A noite te persegue?

Apenas fechas os olhos.

Morcegos? Corujas?
“Produza algo edificante”, exige um Juiz.

“Não escreves poemas: no máximo, prosa poética”, define outro Magistrado (um deus?).

“És sempre monotemático: falas obsessivamente no Tempo e numa Ilha que acabou há muito tempo”, reitera uma Voz Interior.

“Por favor: sê mais otimista” – reivindica outro crítico.
Aspiras a desconexão com real, o império da paz – talvez o esquecimento.

A memória está sempre aqui, ali, sempre – ela é o núcleo das tuas narrativas..

Virá o pó, mas não agora – esquece.

E todos os sonhos de tantas vidas?

Exorcizarás os males – acreditas.

Irão embora os Espíritos de Obsessão.

Irão?

* Romancista, contista, novelista e poeta catarinense, residente em Brasília, autor de livros como “Olhos azuis – ao sul do efêmero”, “Cerrado desterro”, “Meus mortos caminham comigo nos domingos de verão”, “Metônia” e “O homem que não amava simpósios”, entre outros. 



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