sexta-feira, 29 de maio de 2015

Grão de Arroz

* Por Yeda Prates Bernis


Ah! Claro silêncio do campo,
marchetado de faiscantes
pigmentos de sons! 
O coração da aranha
se desfaz em geometria
de seda e mandala.

Manchas de tarde
na água. E um vôo branco
transborda a paisagem.
  
Neblina sobre o rio,
poeira de água
sobre água.
  
Imóvel,
o barco.
No entanto, viaja.
  
Lavadeiras de beira-rio.
nas águas, boiando,
cores e cantos.
  
Cai da folha
a gota dágua. Lá longe,
o oceano aguarda.
  
Na poça dágua
o gato lambe
a gota de lua.
  
De púrpura, seu mergulho
no aquário. No coração,
o mais antigo azul.
  
Escorre pela folha
a tarde imensa,
pousada em gota dágua.

Noite no jasmineiro.
Sobre o muro,
estrelas perfumadas.

Um marcador japonês
no livro de hai-kais
– silencioso conluio.

(Do livro Grão de Arroz, Editora Itatiaia Ltda.

* Poetisa. 


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