sábado, 25 de abril de 2015

A Israel


* Por Jorge Luís Borges


Quem me dirá se corres nos perdidos
labirintos dos rios seculares
de meu sangue, Israel? Quem os lugares
por meu sangue e teu sangue percorridos?
Tanto faz. Sei que segues no sagrado
livro que abarca o tempo e abriga a história
do Adão vermelho junto da memória
e da agonia do Crucificado
espelho, és toda página e o reflexo
dos rostos que se inclinam sobre ela
e do rosto de Deus que, em seu complexo
e árduo cristal, terrível se revela.
Salve, Israel, que guardas as muralhas
de Deus nessa paixão com que batalhas.

* Poeta e escritor argentino


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