sábado, 21 de fevereiro de 2015

Fotografia de Clóvis Campêlo/2004

Morrer deve ser tão frio


* Por Clóvis Campêlo


Morrer deve ser tão frio,
solidão no cais do porto,
como as águas de um rio
desaguando num mar morto.

Fechando o início de um cio,
findando um trajeto torto,
alívio, talvez, desconfio,
depois, talvez, desconforto.

Talvez, quem sabe, um fio
cortando uma vida, aborto;
talvez, quem sabe, um envio,

o exílio de um rei deposto.
Morrer deve ser tão frio,
solidão no cais do porto.

Recife, 1994

* Poeta, jornalista e radialista, blogs:



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