domingo, 28 de dezembro de 2014

Reversão de expectativas


As perspectivas para o ano de 2015, que vai começar na próxima quinta-feira, a julgar pelas previsões e projeções de especialistas nas mais diversas áreas de atividades, não são das melhores. As pessoas estão aflitas e assustadas, e com certa dose de razão. Mas não toda. Temos que considerar que os que fazem extrapolações ou tentam adivinhar o que não aconteceu e pode nunca acontecer são, por costume ou por vício, ou sabe-se lá por qual razão, renitentes pessimistas. Alguns vão mais longe: são catastrofistas. A sorte deles é que ninguém confere, no final do ano, suas previsões, projeções ou adivinhações. Salvo engano, erram quase todas.

Prevê-se, por exemplo, a persistência da instabilidade política na arena internacional. É provável, por exemplo, que persistam os atos de hostilidade na Ucrânia, confrontando separatistas pró-Rússia e nacionalistas. As instabilidades na Ásia tendem a se manter, principalmente no caótico Afeganistão. Isso sem falar no permanentemente instável Oriente Médio, onde o Estado Islâmico, entre Síria e Iraque, é o atual fator de desestabilização, com a indefectível presença norte-americana. Cá para nós: como esses caras gostam de uma encrenca! O panorama econômico, por seu turno, não é igualmente dos mais tranqüilizadores, em especial no nosso País, fragilizado pelos efeitos da prolongada crise econômica mundial. É verdade que os Estados Unidos dão sinais animadores de recuperação. Mas os outros países do chamado Primeiro Mundo... parece que continuam a patinar.

O pífio crescimento do PIB brasileiro (projetado em menos de 1%), a ameaça onipresente da inflação, o escândalo da Petrobrás e outras tantas e tantas “nuvens escuras” de tempestade são as principais ameaças ao primeiro ano do segundo mandato da presidente Dilma Roussef. Como se vê, há dificuldades, dificuldades e mais dificuldades à nossa frente, comprometendo nosso planejamento para um futuro que se afigura cada vez mais sombrio e afetando nosso humor e, por conseqüência, nossa saúde. Se me fosse dada a tarefa de lhe dar um conselho, caro leitor, eu diria somente: “não esquenta”!

Há motivos concretos para se desesperar? Essa situação de crise generalizada e de violência desabrida é irreversível e sem conserto? Depende. O homem tem a capacidade de mudar qualquer situação, por pior que seja, desde que tenha, claro, vontade e aja nesse sentido. Sabem de uma coisa? Não ficarei nem um pouco surpreso se, ao cabo de 2015, nenhuma das previsões catastróficas, ou pelo menos a maioria delas, não se concretize e se o País e o mundo retomarem a trilha da paz, da tranqüilidade e do progresso.

Este será, por exemplo, no futebol, o ano em que teremos duas Copas América, uma das quais nos Estados Unidos, comemorativa de qualquer coisa que não tenho certeza qual é. Serão, pois, duas oportunidades para a Seleção Brasileira tentar se redimir, pelo menos em parte, daqueles absurdos 7 a 1 que levou nas costas, da Alemanha, no jogo que eu, pelo menos, gostaria de esquecer, válido pelas semifinais da segunda, e bifracassada Copa do Mundo disputada no Brasil. Desta vez o vexame foi daqueles para nenhum masoquista com complexo de viralatas botar defeito. Pudera!. O torcedor brasileiro está cabisbaixo, apreensivo e compreensivelmente ressabiado, duvidando da nossa seleção agora comandada (de novo) pelo polêmico e brigão Dunga, apostando em novo e catastrófico vexame. Bobagem.

Já vi o nosso futebol sair lá do fundo do abismo da mediocridade e da desorganização (como em 1966, por exemplo, ou em 1990) para conquistar vitórias surpreendentes e memoráveis. Não há porque o fato não se repetir. As Copas são competições, cheias de nuanças imprevisíveis, onde ninguém é campeão, ou derrotado, de véspera. As coisas se decidem, mesmo, é no gramado, e não nas críticas e previsões derrotistas de críticos e comentaristas, que não são e nem vão ser jamais os donos da verdade.

Eles já cometeram erros grotescos de avaliação no passado, em inúmeras ocasiões, como nas Copas de 1958, de 1970 e 1994, por exemplo, só que têm memória curta. Tenho a intuição que, mais uma vez, vão queimar a língua. Tomara que sim. Acho uma tremenda bobagem ficar se autoflagelando pela eternidade por causa do fatídico placar de 7 a 1 deste ano. Devem-se extrair lições desse desastre, óbvio, e tocar a bola para frente. Sei lá... pode ser que no ano que vem, ou no próximo, ou daqui uma década, ou sabe-se lá quando, o Brasil devolva a humilhação sofrida no Mineirão e faça os germânicos dançarem, na marra, miudinho, um samba bem ritmado.   

Como sempre acontece, os meios de comunicação, salvo uma ou outra honrosa exceção, provavelmente vão ser usados para confundir a cabeça do cidadão, com mensagens favoráveis (duvido) ou contrárias (com certeza) ao governo. E daí? Onde a novidade? E porventura eles são donos da verdade? De que verdade? O cidadão consciente é que deve se precaver contra a manipulação de informações, para não fazer o papel de idiota. Precisa, antes de tudo, buscar estar bem informado e usar seu senso crítico ou, quem sabe, a intuição (confio mais nela).

No mais, é trabalhar, trabalhar e trabalhar. Não se vai a lugar algum sem trabalho. E nunca se omitir da vida pública. O caminho mais curto e direto para a catástrofe é o da omissão. "Não há bem que sempre dure e nem mal que nunca se acabe". Ajamos de forma tal que venhamos a calar, no final de 2015, a voz das cassandras de mau agouro, que tanto nos assustam e incomodam.

O notável bardo inglês, William Shakespeare, constatou, em uma de suas geniais produções, com a sabedoria que o caracterizou e que por isso vem resistindo aos séculos: "A vida do homem é uma trama tecida de bons e maus fios". Confiemos no lado positivo das pessoas e não nos omitamos jamais de dar nossa constante e permanente contribuição positiva, para mudar o panorama sombrio que aí está. Façamos de 2015 um dos melhores e mais vitoriosos anos de nossas vidas. Nós podemos! Duvidam? Pois tentem!!! É o desafio que temos diante de nós. Só tentando saberemos se as perspectivas negativas são reversíveis ou não. Não há outro jeito!

Boa leitura.

O Editor.


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Um comentário:

  1. Editorial agradável de ler, pois afugenta o negativismo, chamando para o trabalho, sem exageros para um lado nem para o outro. Como seu entendimento de futebol brilha, a parte futebolística ficou sensacional. Parabéns, Pedro!

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