terça-feira, 30 de dezembro de 2014

O amor no bolso da alma


* Por Evelyne Furtado


Rafael ama intensamente uma mulher. Para ele o amor aconteceu na maturidade, quando conheceu Amanda. Até então ele não amara de verdade. Ela correspondeu de imediato ao amor daquele homem doce e gentil, porém demorou a acreditar na felicidade.

Não seria um amor fácil. Teriam obstáculos: moravam em cidades distantes, onde trabalhavam e faziam pós-graduação.

No entanto, ele a convenceu, movido pela certeza da paixão, de que venceriam tudo. Amanda entregou-se à louca aventura do amor de Rafael e se perdeu na ilusão daquele amor.

Porém vieram os espinhos e a fizeram chorar. Ele secou cada lágrima de Amanda com rosas, versos e promessas. O tempo passou. Amanda tinha urgência e reclamava a presença do amado, cada vez mais. Ele a consolava dizendo que também sofria com a distancia, mas que a lembrança dos momentos felizes o confortava.

Com ela não aconteceu assim. Amanda foi murchando. Perdeu a confiança e o rumo. Então, deu-se o rompimento e ela quase surtou de dor.

Hoje se sabe que houve amor, sim. Mas em níveis diferentes. Amanda queria a convivência com Rafael.Ele estranhamente não tinha essa urgência. Dizia que já a amava antes de conhecê-la e que a amaria para o resto da vida.

Ela não vira, mas, no auge da paixão Rafael pegara uma boa porção daquele amor e colocara num bolso de sua alma. Se a tinha na alma, não precisava da presença dela para continuar amando-a. Talvez isso explique a felicidade constante de Rafael em contraste com a tristeza que rodeou Amanda por um longo tempo.


* Poetisa e cronista de Natal/RN 

Um comentário:

  1. Os mistérios do amor, tão diferentes no durante e no depois entre os pares, são e continuarão sendo fantasias díspares.

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