domingo, 28 de setembro de 2014

Um ícone da ficção científica

O norte-americano Robert Ansom Heinlein, que assinava seus livros como Robert A. Heinlein, é considerado como um dos três mais importantes autores de ficção científica, ao lado de Isaac Asimov e Arthur C. Clarcke. Pode-se dizer, pois, sem nenhum exagero, que foi um dos ícones desse gênero que desperta tanta polêmica. Como os outros dois citados, tem vastíssima bibliografia e algumas obras adaptadas para o cinema. Todavia, é pouco conhecido, se não ignorado, fora do círculo dos apreciadores de ficção científica. No meu caso, por exemplo, tomei conhecimento da sua existência, e da sua importância, muito recentemente, e de forma totalmente casual. E não foi por falta de opções. Heinlein é um dos escritores de ficção científica que têm mais livros traduzidos para o português, lançados ou no Brasil, ou em Portugal, ou em ambos. Atribuo seu quase desconhecimento à pouca divulgação das suas histórias, ao contrário do que ocorre com Isaac Asimov e com Arthur C. Clarcke.

Confesso que o tipo de enredo que criou não é propriamente o da minha predileção. Todavia, aprecio nele a notável capacidade descritiva e o ritmo ágil e dinâmico que imprimia às aventuras de seus personagens, como que talhados para o cinema. É uma virtude rara na maioria dos escritores. Quando leio algum livro, não me limito a fixar atenção “apenas” na história que é narrada, que não raro sequer me agrada. Busco detectar o estilo, a correção, a coerência e a quantidade de informações que a narrativa contém. Por esses critérios, afirmo, sem pestanejar, que considero Robert A. Heinlein um dos grandes escritores do século XX, apesar das restrições que faço a esse gênero. E concordo com os que o reputam como tal.

Chamam-me, em particular, a atenção as influências que sofreu e que provavelmente determinaram a escolha que fez pela ficção científica. Heinlein nasceu na cidade de Butler, no Estado do Misouri, em 7 de julho de 1907, em uma comunidade profundamente religiosa. Sua família era batista e, até os 13 anos de idade, sua visão de mundo e os valores pelos quais se pautava eram baseados na Bíblia. Pode-se dizer que se tratava de um “fundamentalista”. Foi então que teve contato com o livro “A origem das espécies”, de Charles Darwin. A princípio, chocou-se com os conceitos emitidos pelo célebre naturalista inglês, que contrariavam tudo o que acreditava até então. Não se sabe como, no entanto, sofreu, da noite para o dia, radical transformação em sua crença. O fato é que, ainda na adolescência, abandonou a religião e se tornou ateu convicto, mantendo-se assim até o fim da vida (morreu em Carmel, em 8 de maio de 1988, perto de completar 81 anos de idade).

Alguns dos livros de Robert A. Heinlein, todos traduzidos para o português, são: “A companhia dos mágicos”, “Nave Galileu”, “O planeta vermelho”, “O monstro do espaço”, “Um túnel no céu”, “Cidadão da galáxia”, “Tropas estelares”, “A rapariga de Marte”, “Revolta na lua”, “O número do monstro” e vai por aí afora. Poderia relacionar mais umas dezenas deles, mas não o farei. Isso, sem contar as várias séries que criou, como “Os filhos de Matusalém”, “O homem que vendeu a lua”, “Revolta em 2100” etc.etc.etc. Um dos seus livros, vertidos para o cinema, foi “Tropas estelares”, que além do filme original, rodado em 1997, teve algumas continuações. Sua história foi adaptada para as telas por Edward Neumeier, com direção de Paul Verhoeven e que tinha no elenco Denise Richards, Dina Meyer, Caspen Van Dien, Neil Patrick Harris e Jake Busey, entre outros.

Antes da adaptação do seu livro, Heinlein já havia atuado como consultor de cinema. Foi em 1950, no filme “Destination Moon”. O roteiro foi escrito pela dupla James O’Hanlon e Rip Van Ronkel, mas ele pode ser considerado co-autor dessa história, pelos acréscimos e cortes que fez no enredo. Essa produção, dirigida por Irving Pichel, foi estrelada por John Archer, Dick Wesson, Warner Anderson, Tom Powers e Erin O’Brien.

Tenho a impressão, embora não possa jurar, que Robert A. Heinlein tinha, digamos, obsessão por Marte. Pelo menos é o que depreendo quando constato que vários de seus livros foram situados nesse nosso “vizinho” espacial. É verdade que a Lua é também local recorrente nas histórias que criou. Os astrônomos resolveram homenageá-lo. Todavia, não pensaram em nosso satélite natural ao fazê-lo. Batizaram, isso sim, um dos acidentes geográficos de Marte como “Cratera Heinlein”. Creio, pois, que minha impressão faz todo o sentido. De qualquer forma, esse escritor prolífico e imaginativo é considerado, quase que consensualmente, um dos grandes mestres da ficção científica.

Boa leitura.

O Editor

Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk.        


Um comentário:

  1. Não o conhecia. Meu gostar pouco importa, e no caso não gosto de ficção científica, mas admiro a capacidade de criar dessas mentes brilhantes.

    ResponderExcluir