sábado, 30 de agosto de 2014

Contraponto às críticas a George Orwell

O livro “1984”, de George Orwell, é muito mais complexo do que a princípio o julguei. Li-o há trinta e tantos anos e de lá para cá, não somente o mundo mudou demais, mas eu também mudei muito (presumo que para melhor, sei lá). Várias das impressões que tive, na ocasião, diluíram-se e na recente releitura, firmei convicções que não tinha antes. O fato de trazer à baila críticas negativas ao romance, e ao seu autor, não quer dizer, necessariamente, que concorde com elas (ou com todas elas). Se ambos foram ferozmente atacados tanto pela esquerda, quanto pela direita, foram, também, fartamente elogiados e exaltados pelos que consideram o livro uma obra-prima da literatura, de cunho político, do século XX. Creio que os elogios foram em muito maior quantidade do que as críticas.

Confesso que, em princípio, minha opinião sobre “1984” não foi das mais positivas. Considerei o enredo fantasioso demais e o estilo literariamente pobre. Todavia, reitero: tal como o mundo mudou, também mudei. E por mais teimoso que eu seja considerado (e que talvez de fato seja) minha suposta (ou alegada) teimosia não vai ao ponto de manter determinada opinião mesmo que me demonstrem, com provas irrefutáveis, que ela estava errada. Foi o que aconteceu com “1984”, notadamente após recente releitura. E, sobretudo, após exaustiva pesquisa para esta série de reflexões, depois de ler textos que me induziram a prestar mais atenção a aspectos que não havia notado na primeira leitura.

Muito do que escrevi, nestas reflexões, sobre o livro “1984” e sobre seu autor, George Orwell, foi reprodução de trechos do ensaio do mesmo nome que publiquei, em 20 de novembro de 1983, no jornal “Correio Popular” de Campinas. Na época, eu não contava com a fartura de fontes de pesquisa com que conto agora. Não tinha ao meu dispor, por exemplo, esta ferramenta hoje imprescindível à minha atividade. Claro, refiro-me ao computador. E, mais especificamente, à internet. E mais especificamente ainda, ao Google. E mais ainda, à utilíssima enciclopédia eletrônica Wikipédia, que tanto me tem auxiliado.

Uma coisa é você ler determinado livro para seu deleite e nada mais. Outra, muito diferente, é fazer a leitura com o objetivo determinado de escrever a respeito. A responsabilidade, óbvio, multiplica-se exponencialmente. Detalhes a que você provavelmente não atentaria,  tornam-se essenciais. O enredo passa a ser secundário. Sua preocupação prioritária torna-se a de descobrir a motivação do autor ao engendrá-lo. Você tenta “entrar em sua cabeça” para descobrir o que o escritor pretendia transmitir com a história que narrou. Às vezes, consegue. Outras tantas, não. Detesto criticar quem quer que seja, quando se trata de Literatura. Quando um livro não me agrada, e não importa a razão, simplesmente não escrevo nada sobre ele. A menos que seja forçado a fazê-lo por alguma eventual questão contratual (o que, no meu caso, é raríssimo).

Foi o que aconteceu em relação a “1984”, de George Orwell. Continuo achando que a ideologia do autor é, no mínimo, ambígua ou, para ser “politicamente correto”, romântica. Sigo considerando o estilo literariamente pobre. Mas, após análise criteriosa do livro, considero-o primoroso no que se refere à literatura “distópica”. Cabe, aqui, um esclarecimento. Distopia é o oposto de utopia. Enquanto os utopistas se preocupam em descrever um futuro perfeito (ou quase), de plena harmonia, prosperidade e justiça social, os distopistas têm preocupação antagônica. A melhor definição do seu procedimento é a do escritor de ficção científica, David Brin. Para ele, a intenção dos que enveredam por essa vertente literária “não é prever o futuro, mas projetar um que seja tão horrível que as pessoas vão lutar para que ele nunca aconteça”.

E não foi o que George Orwell fez em “1984”? Qual pessoa, com o mínimo de bom senso e inteligência, não lutará, de todas as formas, para impedir que uma tirania, como a que o autor descreve, se torne real, algum dia, em algum lugar? Só isso já é suficiente para que eu concorde com os que consideram o livro, se não o mais importante do século XX, sem dúvida um dos mais importantes. A pedido de leitores, tentarei aprofundar-me, mais e mais, na análise dessa obra, buscando ser o mais didático possível, utilizando, para esse fim, informações utilíssimas e imprescindíveis, sobretudo da Wikipédia, para fundamentar e complementar minhas opiniões.

Boa leitura.

O Editor

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Um comentário:

  1. Estou me sentindo perdida em sua análise. Acredito que aconteceu um vai e volta, que me fez perder a direção.

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