terça-feira, 17 de junho de 2014

Apenas um dia

* Por Eduardo Oliveira Freire

Parecia um dia comum como qualquer outro, senti a luz do sol no rosto. Fui tomar banho e me arrumei para ir ao trabalho. De repente, percebi um silêncio, cadê todo mundo?

Estou só na casa e isso é raro acontecer. Quando fui sair de casa, Foca me avançou. Achei estranho, sempre foi uma cadela mansa. Fugi e tranquei o portão.

Ao caminhar, percebi olhares ameaçadores e não entendia o motivo. Um carro invadiu a calçada e veio à minha direção. A multidão gritava: "Acaba com ele!".

Desesperado, corri para casa de novo, Foca não estava mais lá. Vi meu pai na cozinha e contei o acontecido. Ele disse que ia fazer um chá de cidreira para me acalmar.

Meus pensamentos estavam caóticos e me deu uma vontade descomunal de beber água. Quando fui à cozinha, vi meu pai colocando um pó estranho na xícara de chá, perguntei-lhe o que era aquilo, ele pegou uma faca e veio para cima de mim. Lutamos até eu dar uma rasteira nele e consegui pegar a faca.

Novamente fui para rua e, do nada, grupos me perseguiam com porretes. Perguntava-me por que aquela gente me atacava se não fiz nada? Para fugir, entrei em vielas e dobrei esquinas que nem sabia que existiam na cidade. Queria encontrar um refúgio, então, olhei uma pipa branca no céu e cortava o céu como se fosse um pássaro, resolvi segui-la.

Corri muita até chegar num bosque, a pipa havia sumido.  Escutei a voz de uma jovem, dizendo olá. Fiquei com medo de ser uma armadilha, mas ela me disse que o que estava passando iria acabar logo, durava só um dia.

Quis saber mais, porém argumentou que o importante era me salvar. Falou que me ajudaria, não tive escolha e me lancei ao abismo com ela. Na verdade, ela me levou ao seu chalé, que era repleto de objetos antigos e delicados.

Conversamos sobre tudo e fomos nos aproximando e nem percebemos a noite surgir pela janela. Depois, transamos pela madrugada adentro. Quando amanheceu, acordei com um bilhete: "Pode ir. Só sinto desejo por homens perseguidos".

Fui embora e ninguém me atacou na cidade.  Entretanto, vi um homem ser perseguido por um monte de gente. Tomara que encontre a pipa branca e a moça que me ajudou.

* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/


Nenhum comentário:

Postar um comentário