sexta-feira, 25 de abril de 2014

O estrangeiro que há em mim

* Por Alexandre Vicente

Saí de casa muito cedo. Fui aluno de uma escola militar em Barbacena, município de Minas Gerais. Lá comecei a aprender a viver com os diferentes Brasis e suas diversidades. E como aprendi! Fiz amizades que duram até os dias de hoje – quase 30 anos.

Quando fui para esta escola, tinha como meta vir servir no Rio de Janeiro, meu lugar de origem e para mim o melhor lugar para se viver. Ao longo desses anos, a grande lição que aprendi é que todo lugar tem seu carisma. Tem seu encanto. Basta olhar com carinho e você verá. Quando chegamos a qualquer cidade, precisamos estar atentos às pequenas sutilezas que tornam aquele cantinho um mundo especial… Com sua própria sedução, sotaque, trejeitos, manias… É fácil quando estamos a passeio, mas o melhor é quando temos a oportunidade de trabalhar, conviver com as pessoas e viver uma rotina.

Não discuto o valor do Rio, pois foi onde nasci e onde está a maior parte de minha família. Mas aprendi a não compará-lo a nenhum outro lugar, pois não há o que se comparar. Seria como compararmos amigos. Todos tem seus encantos especiais e seus defeitos, o que nos cabe  é aproveitar o bom de cada um deles e respeitar as possíveis  arestas que não se encaixam em nós (ou, em última análise, não nos encaixamos neles).  Você só será estrangeiro, se portar-se como tal. Existem estrangeiros vivendo no mesmo lugar onde nasceram e viveram a vida toda, simplesmente porque ser estrangeiro é permanecer alheio aos encantos que cada lugar tem para oferecer.

Abrace sua cidade e respire seu ar o tanto que puder, mas se a vida lhe apresentar oportunidades de viver novas experiências, não se prive. Não seja um estrangeiro. Receba sua nova casa e viva intensamente o que ela tem a oferecer.

* Escritor carioca


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