quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Dualidade

* Por Carmo Vasconcelos

Fui deusa da caça
feiticeira de Oz
caçadora e presa
vítima e algoz

Fui verbo-incerteza
em almas pagãs
sacerdotisa de mentes irmãs

Fui louca e devassa
em noites de amor
filha de Afrodite…

E em dias de Graça
asa de condor
no céu sem limite

Fui fogo e surpresa
na cama e na mesa
crédula e perjura

Fui perto e lonjura
amada e esquecida
traidora e traída

Fui calor e beijo
volúpia e desejo
carne de festim

Fui verso e fui luz
a voz de Jesus
falando por mim

Fui nada e fui tudo
choro, riso, Entrudo
princípio e fim

E hoje, em meus anos,
sou ré e juíza
de meus próprios atos

E de meus senãos
sábios ou insanos
lavo as minhas mãos
tal como Pilatos!


 * Poetisa portuguesa

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