quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Poema para Zhang Yimou

* Por Cida Pedrosa

a lâmina corta a água
e a cor se faz

o vermelho se apresenta
na face a dor
o ódio em si encerra

em vestes e passos
a honra anda
tudo é som solidão sentidos

o laranja se apresenta
as folhas voam
o outono em si vagueia

leve como a tarde
a dor corta a espada
tudo é vale voz veia

o azul se apresenta
e começa a redenção
certeza de destino cumprido

a lâmina é certa
o saber é náufrago
tudo é leve livre ligeiro

o verde se apresenta
em luta e glória
castelo e espadas
mãos mandarim

cetins caem sobre facas
som de almas
corte
e em nome do amor
vence o orgulho

haraquiri cumprido
qual fio varando a água
qual faca varando veias
e o fim se faz transparente

os heróis morrem em um único gume

a lágrima se prende à água
a água se prende à lâmina
os olhos respiram chama

e a morte
a morte é uma metáfora
e se esvai sem cor


Poetisa e vereadora no Recife


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