segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Amor e desamor

* Por Roberto Corrêa
           
A falta de assuntos que se enquadram dentro dos objetivos educativos e formativos desta coluna está me forçando a publicar temas escritos há mais de uma década, de plena atualidade (talvez com vocábulos fortes para aquela época, mas brando para os desbocados de hoje). Vamos lá: “o fundamental mandamento cristão do amai-vos uns aos outros como Eu vou amei, infelizmente não é praticado pela maioria, razão pela qual os problemas pessoais, da nação e do mundo se encontram sempre na expectativa de acontecer, o que jamais ocorre.

O que afirmamos pode dar a impressão de reprise de filme antigo, o acostumado repeteco ou vídeotaipe. Na verdade, porém, trata-se de enfoque sob ângulo diverso, perspectivas ou facetas usualmente inobserváveis.

Nosso idioma sendo tão rico em seu vernáculo, não dá para vez ou outra  deixar de abusar de palavras que consideramos belas ou expressivas.

Quer-me parecer que o ápice cristão atingido na Idade Média deixou de evoluir, mas permaneceu dentro da ortodoxia cristão-católica, ainda predominante em abundância, podendo-se considerar a lamuria dos atuais humanos como mínima ou insignificante. Mas, ocorreu o Renascimento, a Reforma, a Revolução Francesa, com a eclosão de filosofias terríveis e destruidoras.

A civilização contemporânea, embasada no Cristianismo, desembocou nesse oceano vulcânico e proceloso em que nos encontramos. De repente, então, voltamos a constatar a importância do amor.

Todavia, com facilidade, é esquecida a regra evangélica de amar o próximo como a si próprio, podendo mesmo se admitir que esse preceito vem sendo cumprido de forma negativa: como o próximo não nos ajuda, não nos presta favores, não facilita a nossa vida, a tendência é retribuir com a mesma moeda e até encontramos dizeres anticristãos bem populares: “Deus te dê em dobro o que me desejares”.

Podemos exemplificar, ainda, com essa hipótese: “aquele comerciante que se desinteressou em  atender bem o freguês, inclusive não aceitando cheque ou cartão, vai perdê-lo e, pior, vai ter alguém deixando de promover o seu negócio etc.

Vivemos, infelizmente, num mundo de vingança, de desamor. Ninguém é de ninguém, diz a melodia. Ninguém anda nos ajudando, sequer sendo simpático com os nossos problemas. Com frequência, pagamos com a mesma moeda. Falta o amor, sobra o desamor.

* Roberto Corrêa é sócio do Instituto dos Advogados de São Paulo, da Academia Campineira de Letras e Artes, do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico, de Campinas, e de clubes cívicos e culturais, também de Campinas. Formou-se pela Faculdade Paulista de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Fez pós-graduação em Direito Civil pela USP e se aposentou como Procurador do Estado. É autor de alguns livros, entre eles "Caminhos da Paz", "Direito Poético", "Vencendo Obstáculos", "Subjugar a Violência”, Breve Catálogo de Cultura e Curiosidades, O Homem Só.


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