terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Um conto chinês

* Por Eduardo Oliveira Freire

A história me emocionou por mostrar como a vida é repleta de fatos inesperados ou absurdos. No início, a cena de uma vaca que caiu do céu, matando a noiva do chinês, foi surreal para mim. Mas ao decorrer do filme percebi que o fato não foi tão improvável.

Depois da cena inicial, o enredo mostra a vida solitária de um argentino de meia idade. Ele vivia colecionando notícias absurdas e tem uma loja de ferragem. Não se relacionava bem com as pessoas, vivendo metodicamente seu cotidiano. Um dia, encontrou, por acaso, um chinês que não dizia uma palavra de espanhol. A partir daí, com esse encontro inesperado, começou a enxergar os acontecimentos de outro jeito. O filme é cativante por evidenciar que mesmo com a diferença cultural e do idioma, há sentimentos universais que podem levar a uma comunicação mais abrangente.

Outro ponto que gostaria de abordar  relaciona-se com a leveza com que o filme tratou o absurdo. Antes de a película começar, apareceu uma legenda a dizer que a história era baseada em fatos reais. Realmente, quantos casos inusitados que aparecem e achamos serem inventados, mas não são. A vida e a realidade não são perfeitas.

O personagem argentino não convivia bem com as pessoas, porque desacreditava na sociedade. Achava todos uns “pulhas”. Isso aconteceu devido ao seu passado. Perdeu os pais muito cedo e participou da Guerra das Ilhas das Malvinas, que a partir do olhar do personagem foi absurda. Recordei-me de O Mito De Sísifo (Albert Camus). O homem absurdo tem consciência que a vida não é "certinha", diferente do homem cotidiano. Também, para o homem absurdo, já não se trata de explicar e resolver, mas de experimentar e descrever. Tudo começa pela indiferença lúcida. Ele quer viver o absurdo da vida sem perder tempo de ficar explicando e criando teorias.

O filme nos mostra que apesar das adversidades da vida, há espaço para os bons sentimentos universais e inerentes ao ser humano e mesmo parecendo absurdos, deixe fluir. Quem sabe pode se tornar alguém melhor.

* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor


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