sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Pílulas literárias 183

* Por Eduardo Oliveira Freire

EDUARDO LÚCIO


Tudo que acontecia com ele, compartilhava nas redes sociais. Havia casos que tinha até barraco com ex-namoradas e colegas. No início, publicava para desabafar, mas ficou obsessivo. Até sua intimidade fisiológica comunicava nas redes.

Um belo dia, ao chegar a sua casa, foi para o quarto. Deitou na cama e olhou para o teto. Sentiu-se tão bem por não fazer nada que, pela primeira vez, não teve vontade de repartir esse momento com ninguém.

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EU

Chego a minha casa, Laura diz que precisamos conversar, sento-me a sua frente. De repente, vejo tudo turvo. Laura deseja outra reforma na casa, mas estou quebrado e desempregado. Agora, atravesso um túnel e vejo uma luz. Encontro o Paraíso e quero ficar por aqui, longe do olhar dos outros. Chega de representar, a partir deste momento, serei Eu.


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SERÁ NOSSO SEGREDINHO


A avó sempre dizia isso para Antônio, que se sentia angustiado por esconder algo dos pais. O tempo passou e a avó faleceu. O menino, já um rapaz, continuava com a sensação de culpa, mesmo não se recordando o que era o segredo. As lembranças eram turvas.

Um dia, quando uma tia com o filho pequeno foi a sua casa, teve a revelação. O garoto era diabético que nem a avó e, escondido de todos, comeu uma barra comum de chocolate. Quando viu Antônio, pediu segredo. O rapaz lembrou-se que a avó lhe pedia a mesma coisa.

Contou tudo para família, libertando-se.

* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor


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