domingo, 25 de agosto de 2013

Fibrilações

*Por Adélia Prado

Tanto faz
 funeral ou festim
 tudo é desejo
 que percute em mim.
 Ó coração incansável a ressonância das coisas,
 amo, te amo, te amo,
 assim triste, ó mundo,
 ó homem tão belo que me paralisa.
 Te amo, te amo.
 E uma língua só,
 um só ouvido, não absoluto.
 Te amo.
 Certa erva do campo tem as folhas ásperas
 recobertas de pelos,
 te amo, digo desesperada
 de que outra palavra venha em meu socorro.
 A relva estremece,
 o amor para ela é aragem.


* Adélia Prado é uma das principais poetisas brasileiras da atualidade, autora de vários livros de sucesso.

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