terça-feira, 18 de junho de 2013

Viagem ao Inferno

* Por Eduardo Oliveira Freire

I

Sempre quis ser o único; por isso, matou o irmão gêmeo. Quando foi ao inferno, havia vários clones seu, querendo brincar com ele.

II

Onde estou? Que lugar repleto de mau gosto! Uma gritaria ensurdecedora. Pessoas mal vestidas transitando por todo lado. Música horrenda. Sinto náuseas. Quero ir embora! As crianças me torturam e os pais acham lindo e incentivam. O animador da festa parece ter problema de hipertireoidismo, está a mil por hora e mandaque as crianças joguem tinta no meu rosto. A festa tem tantasinformações e um colorido bizarro que o meu cérebro não consegue processar. Estou num abismo. Alguém me salve! Por que ninguém me ajuda?...

III

Desde sempre ele escutava que no inferno havia terríveis torturas. Masoquista, desejava fervorosamente ir para lá. Quando morreu foi condenado a viver eternamente no céu e a aturar os cânticos dos anjos.

IV

Cansado e doente teve que retornar à casa dos pais, depois de ter jurado que nunca voltaria. A partir daí, é obrigado a ouvir todos os dias, palavras não muito carinhosas...

***
POSFÁCIO

Alguns dizem que a visão do inferno varia de acordo com os medos e a repulsa que cada indivíduo sente. Portanto, o que ele mais detesta, será a sua estada ao inferno.

* Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, com Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor


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