domingo, 30 de junho de 2013

Bicho

* Por Angélica Almstadter

T
enho dentro de mim um bicho que me castiga,
Uma febre que arde e queima como urtiga.
Tenho um bicho que me rasga e sufoca,
Que me atormenta e provoca.
Por onde passeia esse bicho que me esgueira?
Na pele arranhada, na voz apertada ?
Onde me arranca gemidos esse maldito?
Que sabe o tamanho do meu grito.

Tenho cá dentro um bicho acuado,
Um bicho medonho e assustado;
Que cospe grunhidos,
Mancha minha carne de pruridos.
Onde guardo essa fera bestificada?
Que não sabe por onde ataca.
Tenho nos pulsos esse bicho violento,
Esse cão tinhoso, medroso,
Sangrando qual hemorragia.
Essa fera acuada que me rege;
Remói palavras e pare poesias,
Porque essa doce fera atrevida,
Tem da vida, louca fobia;
Se comporta como um santo herege,
Pra continuar enrustida,
Na minha verve doída...


* Poetisa

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