terça-feira, 25 de setembro de 2012

Antes que seja tarde

* Por Evelyne Furtado

Sábado de sol. Roda de amigos. Pausa para ver a paisagem que ignoramos no ir vir pela longa avenida que nos leva à Ponta Negra.

Nossos olhos se acostumam com o belo e passam a esnobá-lo. Ontem parei para ver mais um quadrante lindo de minha cidade.

Não era o mar que me encantava dessa vez, ao contrário, a paisagem que eu via encobria o mar. Em um verde mais escuro ela se espalhava sobre os morros diante de mim.

Ouvíamos música ao vivo e entre risos a tarde corria para o luar. Às vezes é preciso esquecer as dores e apenas rir. Foi o que fiz.

Mudamos de cenário, mas levamos a mesma vontade de ser feliz. Mais música. Mais daquela deliciosa alienação. Até que no quarto ou quinto dvd da noite, ouvi Elis, em uma música que não conhecia e da qual não lembro o nome, nem a letra.

A rainha cantava que era preciso dizer tudo antes fosse tarde (não era a composição de Ivan Lins). A alegria saiu de repente. Chorei o que tentei esquecer durante todo o dia. Reencontrei com uma antiga dor.

Inevitável. A vida é assim: a gente ri e a gente chora. Acordei de alma limpa. Sem tristeza, sem ressaca, porém consciente que ainda conservo cicatrizes do que foi um grande amor.

• Poetisa e cronista de Natal/RN

Um comentário:

  1. A música, e ainda mais os cheiros, tem essa propriedade de nos levar de um ponto a outro do espectro do humor, do riso ao choro.
    Destaco:"Reencontrei com uma antiga dor".
    Nem tudo gostaríamos de rever. A dor é uma delas, mesmo que chegue trazendo a convicção que se viveu um grande amor.

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